Um gênero lírico, uma arte, uma linguagem
que em sua estética retrata o que há de mais belo no sentimento humano- Poesia
e amor.
Sophia nunca foi
boa com as palavras escritas, faladas e cantadas. Mas admirava quem externava
as palavras, minuciosamente encaixadas, transformando-as em belas poesias.
Sophia também queria ser assim. Mas como ser um poeta?! Como tornar-se poeta?! Todos
nós seriamos poetas?! Ela não entendia, mas queria. Queria saber colocar em
palavras a beleza do que seria amar. Mas será que ela também sabia o que era
amar?! Sabia o que era amor?! Defini-lo não deve ser algo muito fácil. Talvez fosse
mais fácil se no seu corpo ele fosse se exalando e se transformando como parte
de si e de um todo.
Sophia que era
moleca, sapeca, matuta e como uma boa nordestina se fazia de forte, como um
leão do norte, mesmo que seu tempero e sua essência fosse doce e lá não tão
forte. Quando se tratava de amor, amor daqueles avassalador de homem e mulher,
ela era insegura, covarde, tinha medo, tinha receio. Não queria se apaixonar. Ela
que sempre buscava ser muito focada, cuidava para que nada, absolutamente nada
atrapalhasse seus sonhos. E nele ela não incluía o tão bom amor (im)perfeito.
Mal sabia Sophia
que estava a cometer um grande erro. Equivoco este que mais cedo ou mais tarde
ia bater a sua porta e faze-la penar de medo. Pouco depois ela se deparou com
aquelas sensações que chamam de carinho, de paixão e o próprio o amor. Nas
poucas experiências que tivera com o amor, havia tanto sofrimento, que cada vez
mais machucava e que a fez desistir. Dar um basta! Ela não conseguia traduzir
em palavras, mas sentia! E questionava então: - Talvez os poetas amassem
demais, daquele amor de doer, que das suas lagrimas germinariam as mais bonitas
palavras. Por um momento ela não quis mais ser poetisa, não quis amar, não quis
sofrimento.
Sophia seguiu a
vida escondendo os sentimentos, isolando os desejos, sufocando alguns sonhos,
sofreu menos e também amou menos. Esse se tornou o seu jeito! Ou foi a melhor
forma que encontrava para esconder aquilo que tinha para si como fraqueza. Na verdade,
depois de pedras passadas, ela só queria estar blindada (pronta numa armadura)
das dores que germinavam formando as palavras poéticas. Ela sabia que apesar de
tudo se constituía muito vulnerável, vivia e respirava as suas contradições.
Falava em
desapego, quando queria a entrega!
Era fria e
ignorava quando na verdade queria escutar!
Esbanjava um
estupido orgulho, quando na verdade gostaria de pedir perdão e reconhecer
erros!
Agia com
distanciamento mesmo quando queria dar e receber carinho, mesmo quando queria
estar o tempo todo junto!
Sophia demorou a
entender seus equívocos, demorou a reconhecer que finalmente se escondia dentro
de si. Suas experiências fez silenciar e camuflar a boba romântica que sempre
foi. Sem querer, ela terminou sentindo dores dos poetas num ultimo amor. Mesmo que
não tivesse sido planejado, mesmo que ao acaso, mesmo que a ele resistisse. E foi
assim, sem pedir licença que o amor invadia e bagunçava sua vida. De uma forma
tão rápida, porém marcante. Este colocou nossa amiga frente a frente com seus
medos. O amor que mesmo com as armaduras sofria, mal sabia ela que nossa amiga sofria
também. Mal sabia ela que do seu jeito foi aos poucos desmontando/arrancando
todos os metais e esvaziando de Sophia seus discursos clichês.
Infelizmente Sophia
percebeu os erros de esconder-se por trás de seus medos tarde demais e viu
esvair aquele amor que por instantes trouxe um brilho doce em seu olhar. Ela em
meio a tantas histórias que aqui não são descritas, sentiu em suas veias correr
um amor daqueles de doer, germinar, ferver e ela mesma foi deixando escapar. Um amor
que se esvaiu por sua tão grande culpa, e nossa menina se viu
entristecer ao velo jorrar e escorrer por entre os dedos depois de um corte
profundo. Sophia pensa que o poeta sofre de dar pena, mas sabe que sua alma não
envenena. Pelo contrario, se enche de esperança que o move na andança. E isso é
o que a fez acreditar que um dia possa caminhar e num final feliz a poesia - amor
novamente se transformar.