“(...)E NÓS SOMOS LINDOS!”

sábado, 6 de abril de 2013

Ditaduras da beleza andam me incomodando. Acho que porque venho ganhando minha alforria delas! Sim, eu fui escrava dessa ditadura do culto ao belo imposto pela mídia. Sou escrava porque cresci escrava e mudar não é fácil. Como fazer com que uma criança se aceite enquanto belo quando o mundo aponta mostrando o contrário. Crescer com os adultos querendo ‘meter’ um monte de ‘balaiagem’ e escovas em você para assim se tornar-la a criança super-ultra-mega- padrão e aceita pela sociedade! Ela cresce com essas exclamações que passam a virar interrogações na cabeça até o momento em que tem a oportunidade de amadurecer e se questionar.
 
Esta semana estive vendo o filme “Utopia e Barbárie”, onde um trecho dele me chamou bastante atenção e me arrancou lagrimas. Um trecho que mostrava o discurso de um ativista negro do movimento de luta pelos direitos civis nos Estados Unidos em meados à década de 60, dizendo:
 
“Porque a luta black power nesse País...
É uma luta para civilizar um País bárbaro:
Os Estados Unidos.
Temos de ter a coragem de,
como intelectuais da sociedade negra, dizer:
Somos negros!
Nossos narizes são largos!
Nossos lábios são grossos!
Nossos cabelos são duros!
E nós somos lindos! E nós somos lindos!”
 
  (Stockley Charmichael - no trecho do filme LBG de 1968)
 
O negro continua secundarizado, coisificado, marginalizado e na luta por seus direitos de igualdade enquanto ser humano, contra toda e qualquer forma de opressão e racismo. Embora tenhamos avanços, na realidade dos Estados Unidos ou em qualquer parte do mundo, ainda estamos aquém de sermos aceitos como somos (digo sermos, porque também me considero negra no meu radical de brasileira construída a partir da mistura de todas as cores, ritmos, gostos). E este assunto não foge ao dito padrão de beleza!
 
O mundo mostra como beleza as mulheres magras, brancas, cabelos lisos, olhos claros e etc, etc e tal. Aí você nasce exatamente o contrário! Nasce mais cheinha, negra, cabelos crespos ou cacheados, olhos escuros e etc, etc e tal. Não sendo nenhuma coincidência, o negro se encontra, por algumas destas características, fora desse padrão. Que na verdade nem deveria existir este imaginário padrão! Infelizmente ficamos presos a certos tipos de coisas que não engrandecem em nada! Quem foi que disse que ser magra, branca, ter cabelo liso, olhos claros e etc, etc e tal é o padrão do belo? Acho que todos somos belos! Belo aos olhos de quem vê, principalmente dos que enxergam com o coração. Porque a beleza não se encontra na estética de alguém (acredito, eu!). Ela se encontra na personalidade, sensibilidade, atitude e amorosidade de alguém consigo, com os outros e na sua relação com o mundo.

Belo é se aceitar do jeito que você é! E na minha humilde opinião, Acho também lindas as mulheres que negam a chapinha e assumem seus cachos, seus crespos. Em um mundo refém de tanta escova, chapinha progressiva e alisamentos, os cachos se destacam. Ahhh... E não ficam de fora as tranças ‘estilosas’ pra romper com qualquer tipo de padrão. Ahhh, por fim só digo que todas vocês (mulheres de personalidade, sensibilidade, atitude e amorosidade)  são lindas,

Nós somos lindas!

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