O dia em que o Recife parou e respirou Revolução. Antes disto tornar-se possível foram muitas discussões e reuniões acerca do dito por alguns 'boato' do aumento das passagens. Dentro dessas discussões, ampla participação dos movimentos sociais, partidos & juventudes de esquerda, anarquistas e independentes. Todos unidos no mesmo objetivo: Barrar o aumento das passagens! Estabeleceu-se comissões para melhor organização do grande dia. Foram mais de 300 pessoas, há quem diga que foram poucos. Mas organizar uma passeata em pleno mês de Janeiro com férias, nunca será uma tarefa fácil!
Os 300 guerreiros com cartazes, faixas e bandeiras misturadas a tinta dos rostos pintaram um Recife mais belo e muito bem acolhido pela população Pernambucana. Ao passar na avenida o coro de nossas vozes somava-se aos aplausos dos trabalhadores que nos viam. Em contraponto a essa mágica beleza via-se ao lado a, por enquanto, silenciosa marcha da repressão. A passeata foi organizada no dia em que o aumento entraria em votação e nosso objetivo era seguir rumo ao Consórcio Grande Recife para podermos barrar esse aumento. Durante o protesto no Centro do Recife recebemos a notícia que o fato havia sido consumado (aumento de 6%) e seria enfim instituído no dia de domingo seguinte (22 de Jan. 2012). A proposta aprovada foi a de Governo, o que nos fez prontamente mudar o percurso da passeata para o Palácio das Princesas. Quando chegamos aos Cais e íamos seguir para a Casa do Governo nos deparamos num momento propício para uma ampla e eficaz investida da polícia, a final ali era uma ambiente de pouca circulação de pedestres, poucas testemunhas para a cena de guerra. E foi assim que se sucedeu! Bombas lançadas, tiros de bala de borracha e muito spray de pimenta transformou o protesto pacífico em cenas de uma filme de guerra cuja história era verídica. Corremos, fugimos pois não tínhamos como lutar contra as armas da PM-PE se a nossa arma era apenas a voz! A passeata se partiu e os vários grupos que se dividiam entre as ruas do mercado de São José. Em nosso semblante as marcas do desespero fugaz recebidos com as lojas que iam fechando por onde passávamos... Então fugíamos para lugar nenhum!
Passado o momento de tormento, era hora de pensar, discutir e agir perante tal situação. Logo entramos em contato com os outros grupos e iriamos seguir rumo a FDR para encontrar os outros camaradas. No caminho não calamos, as armas não nos fizeram perder a voz. Apenas fez enfervecer mais o sangue vermelho comunista e ter ainda mais convicção de falar, pois gritar neste momento era preciso! Partimos pelo mercado, rua nova, imperatriz, 7 de setembro e desta vez tranquilos e animados, entre nossos gritos vinham mais uma vez aplausos.
Ao chegarmos a faculdade, já se encontravam alguns companheiros feridos e/ou que transformavam o cansaço em força para lutar pela liberdade de expressão e contra todo tipo de excesso feito pela polícia para tirar nosso direito constitucionalmente garantido! Fizemos plenária! Em reunião a decisão era seguir para OAB para fazer a denúncia contra a polícia, paramos a Rua da Faculdade de Direito da UFPE para seguir na caminhada. Mas as cenas de guerra se repetiram... Corremos para dentro da faculdade achando que teríamos a segurança necessária, pois dentro de uma Universidade Federal só é permitido entrada da polícia federal. No papel isso pode até ser concreto, mas não foi o que vimos na prática.
Ficamos presos entre fumaças e mais feridos... Neste dia a FDR / UFPE volta a ser o mesmo cenário/palco uma vez visto em 1977, época da ditadura militar. Ditadura?! Será que a medida que a sociedade avança nós regredimos?! Não... mesmo que as vezes algumas atitudes possam nos levar a tal pensamento. E isso só nos fortalece a pensar que o nosso espírito revolucionário de desejar um País mais justo construído com respeito a liberdade e pluralidade de opiniões não envelheça! E a luta continua, firme ela continua! E este é apenas um capítulo relatado por uma jovem entre tantos outros jovens revolucionários!
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Thamires Lucena
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23:25
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Há quem me crítica de certa forma por dar 'IBOPE' ao que aconteceu no Reality Show mais famoso do Brasil (isso não dá para negar que ele é!). Mas achei muito interessante o que o fato gerou na população, a princípio, que tem acesso a internet. Não defendo o programa, até porque eu nem defendo o conteúdo programático definido por essa emissora (e isso vai desde os jornais até o próprio BBB). Acredito que as discussões entorno dele geraram elementos interessantíssimos que poucas vezes a gente vê sendo discutido com tanta força e amplitude pelos diversos segmentos sociais. Sendo estes os debates: De gênero, raça e mídia.
O de gênero caracterizado especificamente no debate de opressão a mulher. Quando a mulher tem o seu corpo 'violado' para todo Brasil. Onde em mais de 7 minutos de vídeo as pessoas assistiram tal opressão e começaram a denunciar o suposto 'estupro'. A garantia e defesa aos direitos da mulher foi tão fortemente colocado que ganhou os TT's do twitter, denúncias a emissora, mobilização dos movimentos de mulheres e denuncia a polícia que se colocou a investigar/apurar o fato.
Em consequência disto vieram os que afirmavam que ela estava consciente e que a polêmica foi gerada porque estava no episódio o envolvimento de um negro, o único negro da casa! Onde de forma infeliz o Pedro Bial , fez questão de trazer essa lembrança, na estréia do programa quando o questionou por isso e imediatamente ouviu um boa resposta. Para o público que o defendia se a emissora tomasse uma postura de retirar o candidato do programa seria incitar o racismo. Afinal, estamos numa sociedade em sua essencia construída pela mistura de cores e ritmos, onde a maioria da população se declara parda ou negra, onde historicamente os jovens negros se configuram entre dados de menores oportunidades. Sendo este um segmento que ainda está sobrerrepresentados entre os que não trabalham e nem estudam e que quando estes tem sua inserção no mercado de trabalho é em condições de maior precarização perante a dos jovens brancos, segundo dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). É de causar indagações por ser o único negro!
Enfim, o único negro da casa foi expulso, segundo Pedro Bial, por violar as regras do programa. Regras do programa?! Seria isso mesmo ou seria a violação a direitos individuais garantidos?! Foi aí que ficou para mim muito mais claro como é grande a disparidade entre o que acontece de fato pay-per-view e o que eles editam para passar ao grande público. Eles (os editores) conseguem transformar anjos em demônios, tentativas de estupro em uma bela e linda paixão de carnaval. Visualizo como a globo se coloca acima da Lei para manter seu Ibope e fazer com que a população acredite que aquilo é sim vida real na TV. Porém, eles não relatam para a população que essa vida vem recheada de edições e censura à atuação dos participantes. É um jogo de vale tudo onde quem ganha de fato não é os participantes, nem tampouco os telespectadores, mas a grande rede Globo. Expulsar o candidato ou a candidata não resolverá! Pois como já foi dito por alguns nas redes sociais "A rede Globo é o verdadeiro estuprador da Sociedade!".
Acredito que levantar tais elementos são importantes no que tange o pensar a nossa sociedade livre de opressões, racismo e com uma mídia mais preocupada em informar de maneira imparcial a sociedade. E para instigar esse pensar e assim fazermos a revolução é preciso atrair mais pessoas a pensarem tais elementos que podem ser travados no cotidiano. Buscando assim, a partir do que é construído no seu dia-a-dia, forjá-los a pensar, refletir e agir compreendendo o seu papel de cidadão transformador do mundo.
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Thamires Lucena
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17:19
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Da Folha Oline
A Fifa anunciou como vai ser o programa de voluntários para a Copa-2014 e a Copa das Confederações, um ano antes. As inscrições para ambos eventos serão abertas ainda no primeiro semestre deste ano.
Segundo a entidade, serão 18 mil selecionados para o Mundial do Brasil e outros seis mil para a competição de 2013.
"O trabalho voluntário é por natureza um trabalho sem remuneração. Por conta disso, não haverá pagamento de nenhum tipo de salário ou ajuda de custo para hospedagem, porém, visando não gerar ônus, as pessoas que nos oferecem seu tempo, vontade e dedicação o Comitê Organizador e a Fifa irão fornecer os uniformes, um auxilio para o deslocamento até o local de trabalho (dentro da sede) e alimentação durante o período em que estiver atuando como voluntário", destaca a Fifa em seu site.
Os voluntários precisam ter mais de 18 anos e podem trabalhar até 10 horas por dia, de acordo com a Fifa.
Os inscritos devem estar disponíveis para trabalhar por 20 dias seguidos na época do evento, em uma das 12 sedes da Copa do Mundo.
"É importante que as pessoas saibam que terão de estar disponíveis para o trabalho no período determinado e na cidade na qual for alocado/ escolher, sabendo que o Comitê não proverá nenhum tipo de auxílio para a hospedagem", diz o comunicado.
Peguei-me a pensar tal frase a partir de tantas e tantos fatos que aconteceram no meu cotidiano. A exacerbação do orgulho burguês, a acomodação da população quanto aos problemas da desigualdade social gerado pelo modelo econômico aplicado em nossa sociedade. Isso fica tão explicito nas escolas, nas ruas... Mas por que, por exemplo, vemos isso nas escolas básicas e na Universidade se até onde sei quase todas (nas públicas são todas!) são norteadas por um currículo fundamentado na epistemologia da analise Marxista, nas teorias críticas educacionais?! Seria o currículo algo velho, desatualizado, desinteressante aos milhões de jovens que podem tornar-se cidadãos críticos para poder transformar a sua realidade, mudar o seu mundo?! Ou numa linguagem mais chula, ele seria um documento que professores se reúnem para fazer (ou não, podem pagar para isso, talvez...) com o simples objetivo de conseguir abrir a sua grande empresa... A Escola!
Não sou profunda estudiosa no debate do currículo e das teorias educacionais. Mas tomo a liberdade de opinar sendo também uma jovem estudante que enxerga, reflete e crítica a forma como é conduzido o saber pedagógico e que ai de achar que ele precisa melhorar, e muito!
O curriculo de uma escola, de uma Universidade não é um mero documento, uma mera formalidade escolar! Ele é o reflexo de um público, de uma parcela de sociedade que está envolvida com a escola. Ou seja, é o envolvimento do professor, estudantes e representações, gestores, comunidade, familia. Nele encontramos seu carater ideológico de pensar a sociedade e suas formar de intervir. Algo que pode ser construido de maneira democrática com a sociedade não pode, jamais, ser considerado uma mera formalidade. Cabe a reflexão dos que estão diretamente envolvidos na organização e no ato de disseminar o saber pedagógico a seguinte provocação: Não estariam fechando os olhos frente aos seus ideais e de joelhos assumindo, indiretamente, as práticas do modelo capitalista de se ver / enxergar o educar?! Estes últimos precisão compreender o seu papel social e a partir do seu entendimento deve construir e aplicar o currículo. O currículo não está para atender um determinado status quo que fortalece as desigualdades sociais e nem tão pouco é algo técnico que não gere inquietude entre os jovens.
A escola é um objeto central para a "disseminação" de uma determinada ideologia, pois ainda que com suas dificuldades atingi grande parte da população. E essa disseminação / transmissão do conhecimento se dá atraves do curriculo escolar. Portanto, se faz necessário que os escritos produzidos a partir da crítica/analise marxista saia do currículo "papel"/"documento". Precisa tomar corpo, ganhar azas, voar ao mundo! De maneira mais clara, ele precisa ser assumido enquanto práxis do cotidiano escolar.
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Thamires Lucena
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22:53
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
Certa vez o amor me perguntou o que me fazia lembrá-lo... o que eu tinha vontade de fazer quando estava com ele...
Pensei... Pois bem, dentro de mim me veio a fria resposta do gostar de estar! Fria... ou só aparentemente fria. Pois para mim gostar estar resumi uma infinidade de possibilidades de me maravilhar e mergulhar em risos, carinho e nele, no amor! Aaaahhhh... o amor! Algo que aos meus olhares torna-se difícil, exercício impossível de um possível sentir, desdizer, conceituá-lo de forma mais material, mais palpável, mais atingível. Sentimento explicito de pura subjetividade que em seu acalanto só me calo e sinto.
Sinto companheirismo, saudade, dor, prazer, choro, alegria, nostalgia e criatividade (Sim, criatividade! E porque não criatividade?!).O ato criativo de assumir diversas formas e me conquistar, de me orgulhar, de tornar-me-á importante! Por outrora, porém, me desdenha, me machuca com e sem intenção. Mas mesmo assim eu prefiro te receber, te sentir, te perdoar, te adorar em sua plenitude de cores e formas. Pois quando o sinto, decorre em mim a certeza do meu singelo sopro de vida, da minha existência, da minha sina de te provar, te devorar, de simplesmente egoistamente te ter e sentir arder, moer, brotar, morrer ou nascer também em meu peito.
Pois sem o amor não se faz, não se vive, não se constroe a vida.