Coisas do meu cotidiano...

sexta-feira, 22 de março de 2013
Hoje depois de mais um dia de trabalho o cansaço é notório. Acordas as 6 horas, trabalhar as 8 horas (e passar praticamente o dia todo lá na piscina com sol ou chuva), dançar frevo as 19h 45min e chegar em casa em passados das 22 horas, tudo faz parte da minha rotina prazerosa e cansativa. Para tentar minimizar os ‘estresses’ do percurso casa-trabalho-frevo-casa, pacientemente espero ao menos um ônibus para ir sentada! Passa um, dois, passa três e eu fico lá entediada com a superlotação do terminal da macaxeira a espera de uma ‘Av norte – macaxeira’ (que é uma verdadeira confusão). Na volta para casa resolvi pegar o mesmo ‘av norte-macaxeira’ para ir no centro do Recife e pegar meu ônibus lá. Pois cheguei a conclusão que indo para lá chegaria em casa mais cedo e iria a viagem toda bem sentadinha descansando as pernas (olheee que aula de frevo é puxada rsrsrs).
 
Daí me pego com a situação de hoje: eu com uma ‘big’ mochila pesada das roupas e materiais de trabalho somado a uma bolsa menor contendo o tênis do frevo (estando sentada no ônibus) vejo subir para o ônibus um senhor bem velhinho. Todos fingem não enxerga-lo (olhei pra um lado e pro outro e ninguém esboçava reação)! Eu não conseguiria fazer isso, enxergar e não fazer nada. Por um instante pensei: “estou tão cansada! :(”, mas me soava doloroso ver aquele velhinho em pé. Doloroso porque afetivamente tenho avôs e avós e não gostaria que eles passassem por esta situação (conhecendo como conheço o transporte público de acesso a minha casa). Doloroso também porque sei que aquele idoso é um cidadão trabalhador e que já tinha contribuído bastante para a construção de talvez casas, talvez ele tenha fotografado sonhos, a única certeza que eu abraçava é que de uma forma ou de outra ele tenha contribuído para a construção do meu País. Quando em questão de segundos refleti sobre isso, prontamente esqueci que tinha dores, que tinha mochila pesada, que tinha outra bolsa na mão e chamei este senhor para sentar no meu lugar. Fiquei feliz ao ver seu sorriso seguindo de um obrigado. Mas logo desfiz o obrigado ao dizer:
 
Obrigado o senhor que é trabalhador e já trabalhou muito nessa vida, é seu direito estar sentado e o mínimo que posso fazer!
 
Sorrindo mais uma vez este senhor confirmará o que eu dizia contando o tanto de anos que trabalhou para poder se aposentar. Em seguida abriu a bolsa e tirou dois calendários do qual me presenteou. Um trás uma imagem de uma rosa e o outro a mensagem de paz!
 
Do fundo do meu coração, espero que a rosa simbolize mais amor entre os homens para que pequenos gestos não sejam raridades e para que a humanização supere a coisificação do homem que germina neste modelo de sociedade. Que a paz simbolize muitas lutas que ainda estão para acontecer, que nós deixemos nossa consciência ingênua de lado e passemos a refletir mais sobre o nosso eu, o nosso eu com o outro e o nosso eu com o mundo. De forma que possamos mudar este modelo de sociedade que nos oprime e mata cotidianamente. E quando estivermos organizando, ganhando autonomia, tenhamos respeito com o outro que ainda não enxerga seu papel de oprimido e não tenhamos medo de debater ideias e ideais sem ofender e sem ser um trabalhador opressor de outro trabalhador, que plantemos em nós uma cultura de paz e respeito.

1 comentários:

  1. aninha. disse...:

    Se eu fosse homem ou lésbica eu dava em cima de tu. :)

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