O Medo da Dialética!

sexta-feira, 9 de março de 2012
A dialética é nada mais nada menos que um tipo de método, uma forma de diálogo que tem em sua essência a contradição e a contraposição confrontadas que levam a construção de novas idéias. Esta forma de método foi estudada e apresentada por Hegel e Marx, onde se tornou uma base para defender uma nova epistemologia de pensar a sociedade, o materialismo histórico dialético. É a matéria em dialógica com o psico-social, numa relação de confronto, oposições, choques na diversidade de situações construídas ao longo de uma historicidade, para assim explicar a realidade. Este tipo de método trás de caráter forte o pensar a sociedade através dos modelos econômicos que estão implementados. Foi dele que veio aflorar inquietudes sobre a relação Burguesia x Proletariado e as alternativas de superação que seria a construção da transição socialista para posteriore alcançar o Comunismo. Esse modo de pensar e atuar na sociedade foi sendo teorizado e consolidado ao longo de anos através da organização dos trabalhadores (as) e jovens na sua participação dentro de partidos, organizações e juventudes.

Em meados do século XXI venho me questionando sobre como os jovens vem debatendo e aplicando este modo de enxergar a sociedade. E minha conclusão hoje é que estes jovens estão com medo da dialética, o medo de disputar os espaços e as idéias... E este medo fica bem nítido dentro de espaços de representação do povo e nos espaços/fóruns de organizações de juventudes.

No primeiro espaço vemos o grito ovacionado pelos apartidaristas/independentes que vem crescendo e ultrapassando muros, onde ao meu entender em situações até conduzida de forma irresponsável. Não entenda, caro leitor, que aqui eu esteja querendo tolher os apartidários, porque não é isso. Acredito que se estamos numa sociedade democrática com pluralidade de opiniões é preciso respeitar a posição pessoal desde de que ela não venha a tolher a opinião do outro. Portanto, aqui apresento também a minha opinião que diverge da opinião deste grupo.

Os fatos decorrentes no Brasil sobre corrupção (por exemplo) que atingem tanto dos governos de direita quanto de esquerda faz exprimir um sentimento de desperança entre alguns brasileiros, algo que contribui para reverberar as posições e opiniões dos independentes/apartidários. Por outro lado isso não significa que todos os partidos concordam com tais práticas (inclusive os que fazem parte do governo). Pois para concorrer a uma eleição é preciso participar de um partido e até mesmo construir um forte coligação com aqueles que por hora apresentam pautas afins. Isso garante que alguns partidos, por exemplo os de esquerda nessa atual conjuntura, possam mostrar qual sua ideia e sua forma de gerir alguns locus (espaços) de política pública. E isso não significa que ele concorde com todas as práticas pessoais e/ou partidárias de outrem.

Participar dos espaços de poder é uma forma de buscar construir a sociedade, mesmo que o campo ainda assim não seja tão favorável. Pois esse campo de alguma maneira tem que ser iniciado e não é ficando do lado de fora que isso vai ser garantido. Mas nem todos tem essa compreensão e acham que estes tais partidos são os traidores do povo. Sei que tal afirmativa não procede, pois respeito todos aqueles partidos que disputam os espaços de governo para poder garantir que tenhamos um Brasil mais justo, Soberano e com Desenvolvimento Social. E condeno, discordo de todos os independentes/apartidários que numa posição muito confortável de levantar a crítica pela crítica se sobressaem no discurso, mas na prática nunca se colocam nos espaços para solucionar os problemas. Em outras palavras, eles não dão a cara pra bater assumindo os espaços de poder. Espaços estes que são necessários para propor verdadeiras mudanças para a sociedade Brasileira. Inclusive estes que tanto apontam e criticam tem responsabilidade com a Sociedade a partir do execício que é obrigatório para todos os Cidadãos Brasileiros, o voto! Logo é bom lembrar as estas pessoas que quem elege o Governo não são Entidade, organizações, juventudes... SÃO PESSOAS! Ou seja... Se alguém está no poder é porque ele teve maioria de votos no processo Eleitoral (a exemplo de Eduardo Campos foi eleito por 80% da população Pernambucana).

Muitas vezes que está acusando os outros por eleger governo A, B ou C pode ter sido um a ajudá-lo a se eleger. No entanto fica muito mais fácil apontar e culpar os outros! Esses outros que são aqueles que não tem medo de dizer quais suas posições e as defendem com convicção. Pois se por hora tal Governo não esteja em alguns pontos caminhando de forma coerente com aquilo que foi do seu projeto para a Sociedade, está no seu direito de cidadão também cobrá-lo pelas propostas feitas e não somente aceitar qualquer coisa que venha de forma distorcida! Portanto de maneira responsável existem em determinados momentos a necessidade de pressionar o Governo. Pois aprendi na luta cotidiana que quando algo vai caminhando por linhas tortas é com a pressão popular que faremos a gestão/governo caminhar para o lugar que acreditamos que seja mais justo não apenas para mim, mas para a sociedade Pernambucana!

Num segundo viés é notório a falta de confiança e desorganização de algumas juventudes, algo que é apresentado a partir de um processo histórico e que acaba dando margens aos discursos de independentes/apartidaristas. Digo recorrente de um processo histórico, pois não estamos mais na Ditadura e nem tampouco num governo que seja Neoliberal. Mas precisamos ter a clareza de que embora tenhamos avanços de estarmos num Governo de frente de esquerda, ainda temos muito a caminhar para construir o País dos nossos sonhos. Atualmente algumas juventudes apresentam suas fragilidades devido a falta de maturidade para aceitar as disputas internas e até mesmo a falta de compreensão de seu compromisso social enquanto organização. A divergência de opinião se faz importante numa sociedade plural para que assim possamos amadurecer idéias e ideais afim de construirmos uma sociedade democrática, justa e livre de todas as formas de opressão. Logo, é saudável e salutar o ato de divergir e se oportunizar a ouvir a opinião de outrem. Como é importante também compreender o papel de tais juventudes , não colocando acima delas por ventura os projetos pessoais. Dentro dos espaços de representação do povo elas devem honra-lo e respeita-lo afim de garantir a unidade de política. Bem como cumprir seu papel enquanto organização social para estar do lado do povo. Não cito aqui juventudes A, B ou C porque analiso isso como o papel de todas.

Por fim, acredito que é preciso refletir as atuações e opiniões dos jovens frente ao desenvolvimento da sociedade. Como também é de responsabilidade das juventudes politizar e organizar os jovens para este novo Brasil. E para isso se faz necessário ter respeito, maturidade, unidade política e organização para se fortalecer e disputar os espaços de representação do povo. Em outras palavras, para os que acreditam no materialismo histórico dialético, é não ter medo da dialética!

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