Carta aberta à comunidade acadêmica da UPE e a sociedade Pernambucana

domingo, 1 de abril de 2012
Pernambuco hoje vive um cenário de progresso econômico ímpar, o PIB do nosso estado cresce a um percentual muito superior a do Brasil. Mas é preciso cuidado com essa afirmativa, pois enquanto a economia se movimenta, a qualidade do ensino público, o sistema único de saúde - SUS e outros setores sofrem descasos constantes. A riqueza que deveria servir a todos os pernambucanos nos mais diversos segmentos da sociedade fica concentrada nas mãos de uma minoria.

A Universidade de Pernambuco é a única universidade estadual que temos, onde o CISAM, HUOC e PROCAPE são os hospitais escolas, que servem ou deveriam servir a toda comunidade acadêmica e a sociedade pernambucana, para garantir a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, contribuindo assim para a formação de profissionais capacitados para atender com competência à população, que tem o direito de ter acesso a um serviço de saúde de qualidade.

Historicamente, os hospitais universitários do país, explicitamente, ou de modo mais tímido, sofrem permanentes ameaças de privatização. O Projeto de Lei (PL) 1.749/2011 que autoriza o Poder Executivo a criar a empresa pública denominada Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares S.A – EBSERH é uma das tentativas de ferir o direito social garantido pela constituição de uma gestão pública e de responsabilidade do estado, além de ferir o princípio de autonomia universitária, onde seriam prejudicadas as eleições para seus dirigentes, o que implica em um processo anti-democrático e consequentemente prejudicaria também o vínculo da universidade com os hospitais.

Na última quarta-feira (28/03) o Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros – CISAM, centro de referência em atendimentos de alta complexidade a gestantes, sofreu INTERDIÇÃO ÉTICA pelo Conselho Regional de Medicina – CREMEPE devido à falta de médicos na UTI Neonatal e condições precárias na estrutura do hospital. A situação é caótica! Por que faltam profissionais de saúde? Por que as estruturas funcionam em condições precárias? Cadê o Pernambuco com PIB maior que o do país que não financia o sistema único de saúde - SUS de forma necessária e responsável? Se o estado não tem “condições” de administrar, quem o faria? Seria uma manobra rumo à privatização?

Nós, estudantes, que temos como força motriz o movimento estudantil na luta pela garantia dos nossos direitos e o comprometimento em protagonizar o desenvolvimento do estado, enquanto futuros profissionais e cidadãos, não vamos mais tolerar tamanho descaso com nossos hospitais escola, correndo o risco de perder nossos campos de prática, de formação profissional e de atendimento a população. Se o Poder Executivo do estado não toma providências diante dessa situação, nós o cobraremos!

Saudações Estudantis!

Representante do 5º período de ENFERMAGEM, turma 2010.1.
Universidade de Pernambuco em Recife, Brasil.

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