Ciclofrescas, uma proposta de ciclovias simples e baratas

segunda-feira, 9 de abril de 2012
perspectiva das ciclofrescas na
Avenida Agamenon Magalhães
 
Muitos leitores vão dar uma risadinha ao lerem esse post. Dirão que o tema é um sonho, impossível de se realizar. Mas o momento é de pensar a cidade que queremos e agir para que ela se transforme, viabilizando projetos que criem uma cidade para as pessoas, não para os automóveis. Esse é o princípio das Ciclofrescas – ciclovias arborizadas, sombreadas -, desenvolvidas por um grupo de arquitetos e urbanistas do escritório Cesar Barros Arquitetura. A ideia é simples e, o que é melhor, de fácil execução e barata. Consiste na implantação de ciclovias nas margens de canais, rios, canteiros centrais e ao longo das calçadas das principais vias da Região Metropolitana do Recife, com o incremento da arborização. O custo é simbólico diante dos milionários investimentos que os governos fazem para o carro: R$ 1,4 milhão para implantar ciclofrescas em cinco rotas, compostas por mais de dez corredores viários, totalizando 106 quilômetros de extensão.

perspectiva das ciclofrescas na Avenida
Agamenon Magalhães
 
A concepção do projeto também é simples. Propõe a implantação de ciclovias nas vias e, não, sobre calçadas ou necessitando de obras físicas. A ideia é reduzir a largura das faixas destinadas ao carro nas principais ruas e avenidas das cidades, abrindo um espaço para a circulação de bicicletas, que andariam no mesmo sentido do tráfego da via. Levantamento feito pelos arquitetos mostra que, atualmente, as faixas para circulação dos automóveis têm 3,5 metros, o que permitiria a redução para 2,80 metros, que é a largura mínima permitida. Sendo assim, sobraria 1,5 metro para as ciclofrescas. O projeto também defende a arborização como premissa para as ciclovias, o que atrairia os ciclistas.

“As ciclovias existem por toda parte, informalmente. As cidades possuem planos de mobilidade e contemplam ciclovias, mas a maioria não consegue tirá-las do papel porque insistem nos projetos de ciclovias segregadas, que exigem obras físicas. Assim, tudo fica mais difícil. Faltam projetos e recursos. Propomos ciclovias simples, sem segregação, consolidando a cultura do compartilhamento de vias, com a convivência harmoniosa dos diversos modais, mas priorizando o pedestre e o ciclista”, argumenta o arquiteto e urbanista Cesar Barros.

Os criadores tentam convencer o poder público – prefeituras e governo estadual – a adotar o projeto e têm argumentos para tudo. Sobre o pretexto do custo, explicam que as ciclofrescas seriam financiadas com recursos existentes. “A execução se daria com o uso das verbas de sinalização horizontal e vertical, bem como verbas de produção de mudas e plantio previstas nos orçamentos anuais dos governos. Fizemos uma simulação, tendo como base as tabelas do DER-PE e da Emlurb, que totalizou um custo de R$ 950 mil para pintar e delimitar o espaço das ciclofrescas e R$ 450 mil para a arborização”, afirma Cesar Barros.

A proposta abrange seis cidades do Grande Recife, interligadas por quatro rotas, conectando os municípios de Camaragibe, São Lourenço da Mata, Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Paulista. Além de Cesar Barros, o projeto é assinado pelos arquitetos Patrícia Monteiro, Éder Lima, Marcelo Moss, Carolina Férrea e Vitor Araripe.

Postado por Roberta Soares

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