O artigo tem como proposta discutir a Cultura Popular sob um olhar antropológico pensando as relações da Cultura Erudita, a Industria Cultural, a Subversão e o Cotidiano. O pensar Cultura popular nos remete a uma série de preconceitos que precisam ser superados para compreendermos numa ótica de como saber conviver com as diferenças da vida cotidiana. para destrincha-lo, o autor faz por necessário compreender o que é etnocentrismo:
"O termo indica uma visão de mundo que considera meu grupo como padrão para o julgamento dos comportamentos dos outros. O que é diferente é rejeitado. É ridicularizado. Meu modo de vida é o correto. O dos outros está errado. Esta postura se origina de um processo de estranhamento, comum nos choques entre culturas diferentes. No entanto, torna-se preconceituosa quando julga um modo de vida superior a outro."
Para o autor, se faz necessário a superação ao ideal etnocêntrico na busca da compreensão de que a cultura é proveniente de um processo de adaptação do ser humano ao ambiente do qual esta inserido, levando em consideração sua historicidade e os mecanismos simbólicos que se adequou a sua realidade. Sendo assim, podemos afirma que cultura é um:
"(...) conjunto de mecanismos de controle simbólico (...) para governar o comportamento. (...) O homem é precisamente o animal mais desesperadamente dependente de tais mecanismos de controle, extragenéticos, fra da pele, de tais programas culturais para ordenar seu comportamento” (GEERTZ, 1989, pág.56).
Neste texto, Ismar também fala da multiplicidade cultural e dos desafios da convivência diante de uma sociedade onde de forma preconceituosa se compreende cultura como algo mercadológico ou de elite intelectual. Para reforçar a idéia de que a sociedade tem impregnada práticas/idéias etnocêntricas, o autor faz um recorte da historicidade daquilo que é chamado de cultura no período do renascimento, no período da revolução industrial e no período das revoluções comunistas. Sendo assim mostra a cultura erudita e seu "ar" de superioridade que vem a inferiorizar a chamada cultura popular que é colocada como reprodução por aqueles que não teriam a capacidade de autoconsciência e de emancipação. Ou a posteriore, surge a cultura industrial como uma estratégia de dominação da população "rebelde" através de jornais, revistas, e entre outros. Sua marca é colocar essa cultura para venda, onde quanto mais reproduzido mais valorizado. Ou seja, com maior possibilidade de lucro a cultura seguiu construindo/atendendo as necessidades do "capital". Quem lê até confunde essa ultima cultura com a que denominamos atualmente como pop. Onde, por exemplo, o hip hop dos guetos com suas músicas de protestos tornam-se um sucesso mundial. Logo, as fontes inspiradoras da chamada indústria cultural é simplesmente usar as manifestações culturais com um principio de quanto mais reprodução maior será o lucro.
Para embasar uma opinião, o autor toma diversificados referenciais, onde sempre confronta determinados "pontos de vista". Quando, por exemplo, os "iluminados" fazem a crítica a cultura do pop afirmando que não há mais salvação e só fazem lamentar. Outros já dizem (os românticos) que há salvação através da cultura popular que designa as tradições regionais e que elas devem ser museuficadas. Neste ponto ele confronta a ultima idéia de que as tradições regionais deveriam ser engessadas. Pois as próprias "tradições" já sofreram varias mudanças inerente ao espaço e tempo social em que estava inserida. Elas são as chamadas tradições vivas citada por Damatta. E mesmo assim, poderíamos chamar como cultura popular aquilo que mostra as tradições regionais? Desta forma, inconseqüentes, irão ignorar todas as manifestações de "massa" realizados nos períodos Pré e durante a ditadura militar? Neste caso a Cultura Popular tinha seus objetivos diferenciados da
manutenção das tradições regionais. Elas eram o porta-voz da conscientização do povo Brasileiro contra a opressão burguesa e podem ser exemplificadas através de Movimentos como o CPC da UNE e o Tropicalismo. Porém, ele considera este ultimo como um espaço de subversão onde seria um lugar propício a inversão de valores. O que fica expressa em:
"Sua relação com a cultura dominante pode ser de resistência, luta ou negociação. O popular cria metáforas de transformação, ou seja, a imaginação do que aconteceria se os valores fossem invertidos e as velhas hierarquias fossem derrubadas."
Por fim, Ismar aponta que:
"O cotidiano é, assim, o espaço onde se pode encontrar o conceito de Cultura Popular que foge do etnocentrismo do Folclore, da Cultura Industrial e dos Movimentos de Esquerda. É considerando o mundo vivido que se pode aceitar as diferenças, a alteridade, as reações e a multiplicidade dos modos de vida controlados pelos significados construídos socialmente."
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